O Partido Ecologista Os Verdes promove o seu 4.º Encontro de Professores Ecologistas, a 18 de Novembro, no Auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira.
Este encontro tem como objectivo a reflexão conjunta sobre os temas Ambientais e Ecologistas para nos habilitar a fazer mais e melhor na intervenção diária enquanto dirigentes dos Verdes, professores ou ativistas.
A Educação Ambiental é um pilar fundamental da construção da cidadania, em particular para as crianças e os jovens. Uma aprendizagem ao longo da vida que deverá ter como base essencial a sensibilização e o conhecimento. Só quem conhece é capaz de amar e proteger.
No 4º Encontro de Professores Ecologistas discutiremos o Futuro da Escola Pública para as crianças e jovens e para os profissionais da Educação. Nesta iniciativa destacamos como tema ambiental, e matéria de debate, as questões da Água nos seus múltiplos desafios e abordagens. O momento de Conversa Ecologista promoverá ainda o espaço para abordarmos A Ecologia e o Ativismo.
A Ecologia na educação é o tema central de reflexão deste Encontro, com um painel de oradores e visões diversificadas.
Contando convosco naquela que será uma sessão aberta a todos!
Inscrições através do e-mail osverdesnorte@gmail.com
PROGRAMA
Registo das Intervenções e Painéis de Oradores presentes no 4º Encontro de Professores Ecologistas
INTERVENÇÃO de Dulce Arrojado
Bom dia a todos!
Cabe-me a mim a honra de vos dar as boas vindas a este 4º Encontro de
Professores Ecologistas, assim como à cidade de Vila Franca de Xira. Sejam,
pois, Bem-vindos!!
Este nosso 4º encontro pretende ser um espaço de debate não só para
professores e educadores mas também para todos aqueles que a nós se
juntaram para partilhar as suas preocupações e opiniões relativas às questões
de educação, pretende-se ainda que seja um espaço de convívio e de cultura,
por isso no programa incluímos a visita ao Museu do Neorrealismo sediado,
aqui na cidade de Vila Franca
Retomamos assim, e em boa hora, o Encontro de Professores Ecologistas, o
4º, que por vicissitudes várias teve um interregno maior do que seria desejável,
pois a reflexão conjunta sobre temas como a Educação associada aos temas
Ambientais e Ecologistas são essenciais para nos habilitar a fazer mais e
melhor na intervenção diária enquanto membros dos Verdes, e em particular
enquanto professores.
Esta iniciativa ocorre num momento muito particular da vida do PEV, pois
desde 2022 que ficámos sem representação Parlamentar, mas cá estamos a
mostrar que a vida e iniciativa dos Verdes não parou e que cada vez mais se
afirma como uma força que faz falta no parlamento, onde se deixou de ouvir
falar de ecologia!
Neste 4º Encontro de Professores Ecologistas, a Ecologia na educação é o
tema central de reflexão deste Encontro, com um painel de oradores e visões
diversificadas, por isso destacamos como tema ambiental, e matéria de debate,
as questões da Água nos seus múltiplos desafios e abordagens. Haverá lugar a
um momento de Conversa Ecologista para abordarmos a Ecologia e o
Ativismo, mas não deixaremos de discutir o Futuro da Escola Pública: essencial
na construção do futuro das nossas crianças e jovens.
Escola Pública, consagrada na Constituição da República Portuguesa de 1976
que tem sofrido um ataque constante naquilo que é a sua função de ser uma
escola para todos, inclusiva e diversa, promotora de uma cidadania ativa e que
seja o garante do acesso a uma educação de qualidade para as gerações de
hoje e do futuro.
Por isso Os Verdes consideram que é preciso garantir a sua universalidade e
qualidade e isso só é possível com mais professores, mais técnicos, mais
trabalhadores não docentes, com vínculo estável e carreiras valorizadas! É
fundamental o rejuvenescimento do corpo docente, uma vez que centenas de
professores se estão a aposentar e os mais jovens não são atraídos para a
profissão. Para que a profissão de professor volte a ser atrativa é indispensável
terminar a precariedade e que sejam criados apoios para professores
deslocados e deslocalizados, tal como já proposto pelos Verdes, na
Assembleia da República, que não mereceu a aprovação do PS e PSD. Será
nesta linha o debate que se adivinha no último painel deste encontro que se
antevê muito participado e que desejo que se torne profícuo para todos, assim
como uma demonstração inequívoca de que o Partido Ecologista Os Verdes é
um projeto de futuro, com futuro e necessário ao País.
Vamos ao trabalho! Bom Encontro para todos!
Sessão de Encerramento por Mariana Silva
INTERVENÇÃO de Mariana Silva
Boa tarde a todos!
Inicio esta minha intervenção agradecendo a presença de todos no 4º Encontro dos professores Ecologistas.
Agradeço, em nome da Direcção do PEV, aos nossos convidados que se disponibilizaram para nos trazerem valiosos contributos, que enriqueceram o debate e a reflexão sobre as questões da Ecologia e da Educação.
Agradeço a presença dos nossos convidados institucionais.
E por último, permitam-me agradecer ao grupo de trabalho que desde o primeiro dia acreditou que era importante retomarmos o Encontro dos Professores Ecologistas.
O Partido Ecologista Os Verdes fez 40 anos, preparamo-nos para celebrar o quadragésimo primeiro aniversário e creio que podemos afirmar que o fazemos da melhor forma, com este Encontro para debatermos ideias sobre Ecologia, Educação e Futuro.
E é pela Ecologia que quero começar. Torna-se essencial olhar para as questões da Ecologia como ponto essencial na construção e aplicação das políticas. É necessário que a Ecologia não fique segregada numa gaveta que apenas é aberta para tornar os discursos bonitos e fazer promessas bucólicas.
Os Verdes nasceram dessa vontade, da vontade de um grupo de cidadãos de promover uma intervenção ecologista mais activa na sociedade portuguesa, em 1982, empenhados em alertar a opinião pública para os desafios ecológicos que então se colocavam a nível planetário e para os problemas de ambiente que também já se começavam a fazer sentir em Portugal e cientes da urgência de encontrar e propor respostas adequadas para os mesmos.
Levámos estas preocupações para o mais alto nível institucional, em paralelo com o desenvolvimento de acções locais, a fim de contribuir para o crescimento da consciência ecologista dos cidadãos.
Para este encontro poderíamos debater sobre os mais diversos assuntos, sobre preservação e conservação da Natureza, sobre resíduos produção e gestão, sobre solos e a sua importância para a economia, para a agricultura, para a habitação, para a biodiversidade, para as linhas de água.
Podíamos ter escolhido falar de animais, da proteção das espécies protegidas, das espécies selvagens, dos animais domésticos, dos animais de companhia. Podíamos ter escolhido falar de mobilidade e da importância cada vez maior da mobilidade suave e dos transportes públicos coletivos.
Dos corredores verdes em meio urbano, dos projetos para a transição energética e a sua influência no ambiente, nos recursos naturais e nos valores e tradições do nosso país. Podíamos falar de florestas, de agricultura, de desperdício alimentar, da proteção da biodiversidade marinha e a proteção do Mar.
Com toda a certeza cada um de vocês está a pensar em mais e mais temas que Os Verdes trabalharam quer a nível nacional quer a nível local, junto das populações, sempre.
Decidimos trazer à discussão a Água, e como hoje já ouvimos, nos excelentes contributos dos nossos convidados, a água é um recurso natural essencial, cuja importância é indiscutível como fonte de vida no nosso Planeta. É um elemento fundamental ao equilíbrio existente nos sistemas terrestres e com um grande valor na dimensão ambiental, mas também ao nível social e do desenvolvimento. Tem que ser devidamente gerido, uma gestão pública que obedeça ao princípio do direito humano à água, declarado pela ONU, assim como ao princípio do uso eficiente da água, tendo em conta a escassez do recurso e a ameaça das alterações climáticas.
Os Verdes fizeram inúmeras iniciativas na defesa deste bem essencial à vida, entre as quais, uma Audição Pública na Assembleia da República (2002), uma Marcha Nacional pela Gestão Pública da Água (2003), um agendamento potestativo em 2012, diversas propostas de defesa do recurso água e da democratização ao seu acesso até à iniciativa mais recente do Roteiro Ecologista da Água no Algarve e no Alentejo, ouvindo as preocupações das populações afetadas pela Seca que se prolonga, denunciando a ameaça da privatização, que se mantém em muitos municípios do país,.
Fizemo-lo ontem, estamos a fazê-lo hoje e amanhã continuaremos firmes na defesa da Água e na democratização do acesso a este recurso natural.
Hoje discutimos também a Educação, a Escola Pública, cuja valorização e reforço, com mais investimento, com políticas públicas eficientes e com respeito pelos seus profissionais, é essencial para o Futuro.
Os Verdes sempre acompanharam as questões da Escola Pública, desde a necessidade de se renovarem as instalações, a retirada do amianto, à redução do número de alunos por turma, para uma aprendizagem mais próxima, até à devolução dos direitos dos profissionais, sobretudo, dos professores.
Os profissionais da Escola Pública merecem ser respeitados.
Quando foi exigido, da noite para o dia, que mudassem os seus métodos para acompanharem os seus alunos, fizeram-no de forma exemplar e não os abandonaram durante uma pandemia que ninguém imaginava viver.
Aprenderam rapidamente a mexer em tecnologias que quase ninguém usava, disponibilizaram os seus telefones pessoais, atenderam os pais e encarregados de educação preocupados, corrigiram trabalhos sem fim que eram feitos à distância, mas que garantiam que não se perdiam conteúdos, deram a cara na televisão debaixo de críticas mordazes, porém mantiveram-se ao lado dos seus alunos cumprindo com os seus compromissos de professores.
Sempre aceitaram os desafios que lhe foram impostos, sempre se mantiveram ao lado do mais importante da escola que são os alunos, conseguindo adaptar-se às imensas dificuldades, dos laboratórios obsoletos, da falta de material didático, das constantes mudanças dos currículos, da inconstância no respeito pelos direitos.
São estes profissionais que andam anos a fio de malas às costas, a pagar duas rendas, a ver os filhos e os cônjuges aos fins de semana, que passam a maior parte do seu dia na estrada a correr de escola em escola para completar horários, que se vêem mergulhados em mais burocracia do que pedagogia, que não são respeitados na sua autonomia, que um dia são confrontados com a mudança das regras, ao fim de uma dezena de anos ou mais de trabalho e, afinal, ainda não é desta que ficam efetivos, que assistem à passagem dos anos e não vêm o fim à carreira, são estes os que não desistem e quase pagam para trabalhar.
São estes todos que fazem falta hoje aos nossos alunos, são estes todos que fazem falta à escola pública para que se mantenha de pé e com qualidade, para que o ensino continue a ser para todas as crianças e jovens, tendencialmente gratuito, com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.
Os contributos que os nossos convidados nos deram e as vossas intervenções confirmam que é essencial reforçar a luta para defender a herança do 25 de Abril de uma Escola para todos, que tem que ser defendida, também, do processo da municipalização em curso, que apenas contribuirá para se instalarem mais dificuldades e reforçar as desigualdades.
No 4º Encontro dos Professores Ecologistas falamos, essencialmente, de Futuro. E se quando o estávamos a preparar não imaginávamos o que o futuro imediato nos reservava, hoje sabemos que o presente nos exige um novo folego na luta pela mudança de política ambiental e que, para isso, Os Verdes fazem falta na Assembleia da República.
Nestes quase dois anos faltou a voz do PEV na defesa do Ambiente, da proteção da biodiversidade, da necessidade de se discutir os projetos de energia renovável que são invasivos. Os painéis solares invadem os solos férteis para a agricultura e bons para a alimentação dos animais, antes de serem colocados nos telhados dos prédios, das escolas, dos edifícios públicos, contribuindo para a diminuição da factura energética.
O único debate que se promoveu em todo o país sobre eólicas offshore foi pela mão da CDU, do PEV e do PCP, em Matosinhos ouvindo as preocupações dos representantes pescadores e das populações relativamente a um projeto energético que irá ser implementado na costa portuguesa sem que se sejam conhecidas as consequências para a biodiversidade marinha, para a economia local, para os pescadores da pesca tradicional, sem se conhecer a que preço vai ser vendida a energia produzida nestes Parques Eólicos Marítimos.
Processos duvidosos de que muito pouco se sabe, de onde saem determinadas áreas sem se perceber porquê, onde se mantêm outras mesmo que tenham implicações claras no dia a dia das pessoas. E caros, companheiros e amigos, já vimos este filme outras vezes, como no caso da prospeção e exploração do lítio em Montalegre e Boticas.
O processo de Transição Energética é importante e impõe-se que se inicie, mas essa mudança precisa de ser feita de forma equilibrada, estruturada, estudada para que não se ande sempre em constantes experimentos.
Desde 2018 que o Partido Ecologista Os Verdes questionou a falta de transparência, as anomalias e irregularidades nestes processos, confrontando inúmeras vezes, quer o Primeiro-Ministro, quer o Ministro do Ambiente Matos Fernandes, quer o Secretário de Estado João Galamba, no Parlamento, sobre estas situações, exigindo os devidos esclarecimentos.
Inúmeras vezes alertámos para o secretismo em que estava envolto todo o processo da prospeção e exploração de lítio e minerais associados, exigindo o envolvimento das populações.
Reafirmando a oposição a estas concessões de exploração de lítio, e sustentando que, é tempo de apurar todas as responsabilidades, os Verdes insistem que é também tempo de parar este processo que colocará em causa, irreversivelmente, a qualidade de vida das populações e as suas tradições nestas regiões, consubstanciando um ataque gravíssimo à biodiversidade, aos solos, à água, e a zonas de agricultura de montanha que desempenham um papel fundamental como sumidouros de carbono. Neste momento, com os desenvolvimentos conhecidos, designadamente, por via judicial, exige-se que se promova esse o esclarecimento na comunicação social para que todos sejam capazes de perceber o que se trata, o que está envolvido.
Mas mais que isso, precisamos de virar a página, precisamos de novas políticas, de uma visão mais ampla da ecologia, de um maior investimento e desenvolvimento dos serviços públicos, de um país em que se viva feliz e de forma saudável.
Quando assinalamos o 50° aniversário do 25 de Abril, precisamos que a luta em defesa do ambiente assente na concretização do sexagésimo sexto artigo da Constituição da República Portuguesa onde se defende que todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender. E que, no seu número dois afirma que: “Para assegurar o direito ao ambiente, no quadro de um desenvolvimento sustentável, incumbe ao Estado, por meio de organismos próprios e com o envolvimento e a participação dos cidadãos”.
Nesta responsabilidade do Estado não cabem os projectos Pin, não cabe o simplex ambiental, libertando as grandes empresas das leis que protegem o ambiente, as reservas naturais e a biodiversidade.
Cabe outra visão, cabe outra opção política, só possível de concretizar por quem traz não apenas ao peito, mas no coração os valores que Abril nos emprestou.
A 10 de Março, também é isso que estará em discussão. Saber distinguir entre os que querem fechar Abril no baú das memórias ou num museu apenas para ver ao longe, e os que olham para Abril como projecto de Futuro. Lá estaremos na primeira linha destes, para dar combate decidido àqueles.
Porque Portugal e o Ambiente não podem esperar mais.