A Arrábida foi classificada como reserva da biosfera da UNESCO. Ganha, assim, projeção internacional e gera-se uma capacidade mais robusta de preservação e valorização do seu património natural, mas também histórico e cultural.
A candidatura contou com a iniciativa da Associação de Municípios da Região de Setúbal, com o forte empenho das Câmaras Municipais de Setúbal, Palmela e Sesimbra, e também com a colaboração do ICNF, tendo igualmente envolvido a participação de muitos cidadãos, académicos e técnicos.
Inspiradora, incluindo para poetas, a Arrábida, cujas falésias se enlaçam com o mar, tem uma riqueza geológica deslumbrante e uma influência atlântica e mediterrânica que lhe gera uma magnífica diversidade biológica. Entre as suas espécies de flora, encontram-se várias endémicas, e a fauna é muito vasta, em especial ao nível de espécies marinhas. Aliadas a este valioso património natural, encontram-se atividades económicas, sociais, culturais e desportivas que com ele se compatibilizam e tradições ancestrais que nunca se perderam.
O facto de a Arrábida integrar a rede mundial de reservas da biosfera traduz-se num instrumento muito importante de valorização do seu património, mas que não restem dúvidas que a salvaguarda da Arrábida depende de quem tome decisões políticas que prossigam esse objetivo.
Não será com medidas políticas que põem permanentemente grandes interesses económicos à frente da sustentabilidade do desenvolvimento, como infelizmente quer o PSD, quer o PS insistem em tomar, que se salvaguardará a Arrábida. Estes partidos, através das suas responsabilidades e opções políticas, têm sido um martírio para a Arrábida. Lembremo-nos, por exemplo, do governo PSD que permitiu o aumento da cota e área de exploração das pedreiras da Secil; ou do governo do PS que impôs a coincineração de resíduos industriais perigosos na Secil em pleno Parque Natural da Arrábida, ou dos diversos governos do PSD e do PS que desinvestiram permanentemente na presença de vigilantes da Natureza nas áreas protegidas e que desvalorizaram esta carreira, ao ponto de deixarem a Arrábida amplamente desprotegida.
A pouca importância que estas forças políticas têm atribuído à Arrábida e às suas gentes ficou também bem patente quando se discutiu o Plano de Ordenamento desta área protegida e sobressai em propostas que têm apresentado, como o PS que, confrangedoramente, o que tem a propor atualmente para a Arrábida é a construção de passadiços!
É neste quadro, que temos conhecido ao longo dos anos, que ainda mais importante se torna a ação dos Verdes e do PCP, no quadro político português, para denunciar aquelas opções e propor medidas políticas alternativas que protejam a Arrábida. Quer na Assembleia da República, quer ao nível das autarquias locais, a ação da CDU (Coligação democrática Unitária – PCP/PEV) tem sido constante e incontestavelmente em defesa dos valores naturais e culturais da Arrábida.
Hoje todos saúdam a Arrábida como reserva da biosfera da UNESCO, mas é tão importante que nos lembremos das pegadas de desprezo e destruição que PSD e PS têm, ao longo dos tempos, incrustado na Arrábida. Felizmente, as três Câmaras Municipais envolvidas nesta candidatura pela Arrábida (Setúbal, Palmela e Sesimbra) são Câmara de gestão CDU e, por isso, não perderam tempo, nem força, para trabalhar pela valorização da Arrábida e, por consequência, pela preservação da Natureza, da biodiversidade, da cultura e tradições, do património histórico, e pela dinamização das economias locais.
Heloísa Apolónia
Coletivo Regional de Setúbal do Partido Ecologista Os Verdes
9 de outubro de 2025
Gabinete de Imprensa