Embora saliente a importância da entrega do processo de candidatura de classificação das Levadas da Madeira a Património Mundial junto da UNESCO, divulgada ontem pelo Governo Regional, o Partido Ecologista Os Verdes lamenta que esta seja tão redutora e pouco ousada, temendo as consequências futuras desta limitação.
Relembramos que o Partido Ecologista Os Verdes desempenhou um papel determinante no despoletar desta candidatura, com a aprovação por unanimidade, a 6 de fevereiro de 2015, da Resolução da Assembleia da República Nº18/2015 ( publicada em DR a 19 de fevereiro) apresentada por Os Verdes, e ainda com a ampla campanha de recolha de assinaturas levada a cabo (postais posteriormente entregues ao Governo Regional) e que permitiu à população da ilha e a muitos turistas manifestar o seu apreço por esta classificação.
Mas o processo agora entregue na UNESCO, no qual só é pedida a classificação de oito levadas, é decepcionante, pouco ambicioso e pode até trazer riscos futuros associados para estas oitos levadas, assim como para as restantes. O pedido formalizado deixa de fora levadas importantíssimas da rede e da história da ilha e do caráter único que a gestão da água assumiu na Madeira em relação ao restante território nacional. É disso exemplo, a Levada do Curral e Castelejo, a Levada dos Moinhos, a Levada dos Piornais ou a Levada Nova na Ponta do Sol, entre muitas outras.
Para além disso, a limitação da candidatura a apenas oito levadas vai centrar a atenção do turismo e gerar uma pressão humana, principalmente sobre estas levadas, o que poderá pôr em causa a sua própria sustentabilidade ambiental e a do meio envolvente, nomeadamente nas áreas de Laurissilva.
Por outro lado, Os Verdes temem que ao deixar grande parte das levadas da rede de fora, nomeadamente levadas com grande peso histórico, o Governo Regional pretenda ficar de mãos livres para o seu abandono ou para levar a cabo alterações substanciais que conduzam à sua total descaracterização.
Esta candidatura das levadas da Madeira a património da Humanidade, tal como é formulada, é limitativa das vantagens que poderiam resultar para a preservação da memória histórica e é redutora de uma mais ampla distribuição dos proveitos de valorização que daí poderiam advir para a ilha e sua população.
Para Os Verdes a Candidatura apresentada é importante mas sabe a pouco, ficando muito aquém das expetativas de todos os que defendem este valioso património. No entanto o PEV regozija-se com o papel determinante que desempenhou para a efetivação desta candidatura. Ela é a prova que vale a pena lutar mesmo quando as vitórias são parciais.
Partido Ecologista Os Verdes
Coletivo Regional da Madeira