Os Verdes apelam utentes e população de Santarém à subscrição de Carta Aberta pela manutenção de serviços rápidos na Linha do Norte.
O Partido Ecologista Os Verdes teme a “interiorização” do distrito de Santarém com a desclassificação da Linha do Norte e considera esta uma medida contrária ao direito à mobilidade e em contraciclo com a urgente resposta aos desafios climáticos.
Com a entrada em funcionamento da nova ligação de Alta Velocidade que ligará Lisboa ao Norte do país, está previsto retirar todo o serviço rápido de passageiros da linha do Norte (Alfas e Intercidades), ficando só a circular nesta linha os comboios de mercadorias e os comboios de passageiros mais lentos (inter-regionais, regionais e urbanos). Uma decisão que leva à eliminação de mais de dez comboios em cada sentido, deixando Lisboa mais longe e o Centro e Norte ainda mais longe obrigando a transbordos.
Caso esta intenção se venha a concretizar, ela terá um impacto muito negativo na articulação do transporte ferroviário de passageiros do distrito de Santarém, de Portalegre e de Castelo Branco com o resto do país e vice-versa. Os passageiros verão não só reduzida a oferta de opções de serviço e de horários, como serão confrontados com um aumento substancial do tempo útil passado numa viagem da longa distância e com uma redução brutal do conforto da mesma, nomeadamente nas deslocações para o Norte do país, visto que a articulação com a nova linha Alta Velocidade só será feita perto de Coimbra.
Os Verdes não discordam da construção da nova linha, atendendo à sobrecarga horária que estrangula há vários anos a linha do Norte , no entanto, consideram que esta não pode ser feita à custa do agravamento do serviço de passageiros no distrito de Santarém e do agravamento da interiorização do país.
Os Verdes realizam uma ação de contacto com os utentes do transporte ferroviário na Estação Ferroviária de Santarém, e apelam a população à subscrição de uma Carta Aberta a dirigir ao Ministro das Infraestruturas e da Habitação (ver anexo), reivindicando a manutenção de serviços rápidos na Linha do Norte, servindo as estações de Santarém e Entroncamento, em nome da sustentabilidade ambiental e climática, da justiça social e da igualdade de oportunidades, em nome do desenvolvimento territorial equilibrado, contra o despovoamento e a desertificação.
Esta iniciativa integra um conjunto de ações do PEV na área da mobilidade, estando também prevista uma agenda dedicada à Semana da Mobilidade que em breve será anunciada.
CARTA ABERTA
AO SR. MINISTRO DAS INFRAESTRUTURAS E DA HABITAÇÃO
Em 9 de Maio de 2022, o Senhor Ministro afirmou no Parlamento que ” A linha de Alta
Velocidade é um projeto estruturante para o país“. O que lhe pedem as populações dos
Distritos de Santarém, Castelo Branco e Portalegre é que não seja um projecto
desestruturante para estes distritos, acentuando cada vez mais o seu despovoamento,
desertificação e agonia económica.
O investimento na ferrovia é fundamental para Portugal para garantir uma mudança de
paradigma de mobilidade essencial para reduzir a nossa pegada carbónica e aumentar a
eficiência e independência energéticas.
A construção da nova linha de Alta Velocidade pode ser muito importante para ligar Lisboa
ao Norte do país, passando por Leiria, mas é inegável que ela acentuará a litoralização da
rede ferroviária, se determinar a desclassificação da Linha do Norte com a eliminação de
ligações rápidas (serviços alfa pendular e intercidades) entre Santarém ou Entroncamento
(que serve igualmente os Distritos de Castelo Branco e Portalegre) e Lisboa e o eixo Coimbra
– Porto – Braga – relegando-a apenas para o transporte de mercadorias e regional de
passageiros, o que trará graves consequências para o desenvolvimento destes Distritos,
agravando o seu abandono.
A desclassificação da Linha do Norte não é uma inevitabilidade mas sim uma opção política,
terá um impacto muito negativo nos Distritos de Santarém, de Portalegre e de Castelo
Branco, que verão reduzida a oferta de serviços e horários na ferrovia, aumentado o tempo
das viagens de longa distância para o Norte do país, obrigando a um transbordo perto de
Coimbra (Soure). Transbordos e serviços regionais entre Vila Franca de Xira e Soure não são
alternativas viáveis para viagens de longo curso, voltando a empurrar muitos passageiros
para o automóvel particular, num momento onde os desafios colocados pela crise climática e
energética têm que promover e estimular o uso do transporte ferroviário em detrimento do modo rodoviário.
Sr. Ministro, não aceitamos remeter o Distrito de Santarém para uma interiorização que se
vem acentuando de forma assustadora. Os investimentos ferroviários devem contribuir para
combater as desigualdades territoriais, e não para as agravar!
Em nome da sustentabilidade ambiental e climática, da justiça social e da igualdade
de oportunidades, em nome do desenvolvimento territorial equilibrado – contra o
despovoamento e a desertificação – os cidadãos abaixo assinados exigem a manutenção de
serviços rápidos na Linha do Norte servindo as estações de Santarém e Entroncamento.