O Partido Ecologista Os Verdes, reunido hoje em Conselho Nacional na sua sede em Lisboa, fez uma análise da situação ecopolítica, com particular destaque para os resultados das eleições legislativas, e apontou linhas de intervenção futuras. Da reunião destacam-se as seguintes conclusões:
1. Resultados eleitorais
O Conselho Nacional do PEV classificou os resultados eleitorais do passado domingo como muito preocupantes. Os resultados ficaram aquém das expectativas e dos objetivos traçados pela CDU, a qual não vê reforçada a sua presença no Parlamento. Não foi eleito nenhum deputado dos Verdes, o que esvazia o Parlamento de uma agenda ecologista concreta, num momento em que os desafios ambientais e sociais que estão criados (como o combate às alterações climáticas, a preservação da biodiversidade, ou o combate à pobreza, para dar alguns exemplos) requerem uma intervenção muito empenhada.
Por outro lado, verificou-se, depois de uma desastrosa maioria absoluta do PS, um significativo reforço da direita e da extrema direita, o que gera, na perspetiva do PEV, as condições para a continuidade ainda mais acentuada de políticas que fomentam as desigualdades a vários níveis, que beneficiam os grandes grupos económicos e que, para o efeito, sacrificam, de uma forma ou de outra, aqueles que vivem do seu trabalho com salários já exíguos. Adivinham-se igualmente políticas, tão acarinhadas pela direita, de fragilização de serviços públicos tão fundamentais como o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública, e o desinvestimento em áreas tão relevantes como o ambiente, a habitação ou a cultura. Ainda não estando apurada a totalidade dos resultados, por faltar conhecer os votos dos círculos da emigração, não se conhecem os entendimentos para a formação de um próximo Governo, mas perspetivam-se tempos de resistência e de lutas intensas.
Os Verdes valorizam a maior afluência às urnas, mas, em nosso entender, os resultados não se traduzirão numa solução que dê resposta adequada aos problemas que o país enfrenta.
Os Verdes estarão intransigentes na defesa e no cumprimento da Constituição da República Portuguesa, na proteção da natureza e dos direitos sociais, na defesa da paz e do desenvolvimento sustentável.
O PEV saúda o forte envolvimento e empenho que os seus militantes, ativistas e simpatizantes tiveram na campanha eleitoral, assim como todos os candidatos que integraram as listas da CDU de norte a sul do país e nas ilhas. Saudamos ainda os membros do PCP e da ID e os muitos independentes que, com o PEV, construíram uma campanha ímpar da CDU, caracterizada pelos contactos de proximidade e pelo esforço de esclarecimento. Reconhecendo que muitas vezes os órgãos de Comunicação Social prejudicaram a CDU, há que realçar que foi constante o silenciamento da expressão do PEV no quadro da campanha da CDU.
2. Intervenção a curto prazo
Os Verdes assinalarão, quer de modo próprio, quer em iniciativas conjuntas e também de massas, os 50 anos do 25 de Abril. Hoje, mais do que nunca, importa reforçar o valor do aprofundamento da democracia e da defesa dos direitos fundamentais conquistados com a revolução dos cravos. Pelo cumprimento da Constituição da República Portuguesa e com horizonte centrado nos valores de Abril, os Verdes marcarão presença ativa nas manifestações populares do 25 de Abril e no 1º de Maio. Outras iniciativas, neste quadro, serão levadas a cabo e anunciadas oportunamente.
No próximo dia 23 de março, o PEV estará presente na manifestação nacional de mulheres, que decorrerá em Lisboa, convictos de que há um caminho por realizar no plano da igualdade entre mulheres e homens e que, também neste plano, não toleramos retrocessos e batalhamos por avanços mais consistentes e eficazes.