Numa sociedade de consumo exacerbado, fruto de uma estratégia da máxima obtenção de lucro por parte de operadores económicos, geram-se, a montante, graves problemas ao nível da utilização insustentável de recursos naturais, e, a jusante, sérios problemas na quantidade de resíduos produzidos.
Segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a larga maioria dos resíduos ainda recai na recolha indiferenciada e apenas 21% são direcionados para reciclagem.
Dos resíduos recolhidos para reciclagem, apenas 22% correspondem a plástico, o que é manifestamente pouco, tendo em conta que temos uma meta a cumprir até 2025 que determina a reciclagem de 50% do plástico produzido.
Também o vidro e o papel têm níveis de reciclagem que estão bastante longe das metas definidas. Com uma recolha correspondente a 55% e 47% respetivamente, as metas para 2025 são de 70% para o vidro e 75% para o papel e cartão.
Em suma, recicla-se em Portugal pouco mais de 20% dos resíduos, quando a meta para 2025 é a de reciclagem de 65%, em peso, dos resíduos de embalagens.
Os Verdes têm trabalhado intensamente, ao longo dos anos, para despertar o poder político para a necessidade de se reduzir a quantidade de resíduos de embalagens. Foram vários os projetos de lei que apresentámos na Assembleia da República com esse objetivo, gerando regras para que o mercado também coopere na redução do exagero de embalagens que impõe aos consumidores, nomeadamente com os produtos dupla e triplamente embalados, com as embalagens sobredimensionadas ou com as embalagens supérfluas que em nada implicam com a preservação da qualidade do produto.
Infelizmente, os sucessivos Governos não têm sido sensíveis a uma estratégia eficaz de redução de resíduos, e o anterior Governo até reverteu, por cedência ao setor da distribuição, o diploma aprovado por iniciativa dos Verdes relativo à proibição de sacos de plástico ultraleves nos pontos de venda de fruta, legumes e pão. Mas os sucessivos Governos têm também descurado a componente da reciclagem, como provam os dados apresentados pela APA.
O PEV considera que devem ser reassumidas campanhas de sensibilização aos cidadãos para a necessidade de uma correta triagem de resíduos e para a sua devida deposição, com vista a aumentar os níveis de reciclagem.
Sem estas apostas, Portugal não vai conseguir alcançar as metas traçadas, o que constituirá uma irresponsabilidade incompreensível e inaceitável. Já não temos muitas oportunidades para trabalharmos no sentido de atingir um melhor desempenho no setor dos resíduos.