( A negociata de sempre)
A Europa, mergulhada numa profunda deriva ideológica, recusa definir políticas com base em pressupostos pacifistas e progressistas que devolvam aos cidadãos a estabilidade, a confiança na democracia e o direito à paz. Ao invés disso desenha-se o conceito de Exército Europeu e o projeto de criação da “União de Defesa” vai ganhando forma com o objetivo concreto de melhorar as políticas de produção e aquisição de armamento .
Com base no Fundo Europeu de Defesa, em 2023 o Conselho adotou um regulamento que cria um instrumento para reforçar a indústria europeia da defesa através da contratação conjunta (EDIRPA) e um regulamento sobre o apoio à produção de munições (ASAP).
Recorde-se que em 2014, os membros da NATO comprometeram-se a investir um mínimo de 2% do seu PIB nas suas Forças Armadas – algo que a grande maioria, senão todos, não cumpriu. Em 2023, Portugal investiu 1,48% do seu PIB em defesa e o compromisso do Governo de António Costa era de que os 2% fossem atingidos em 2030.
Em Portugal, o governo da AD será forte aliado da militarização sob o pretexto da complexidade estratégica da geopolítica atual, um Governo que no seu programa eleitoral se afirmava como um defensor da criação de um Conselho de Defesa e Segurança Europeu e a emissão de Defense Bonds – financiamento de investimentos no campo da defesa e segurança.
Em recentes declarações, o Ministro da Defesa Nacional, revelou o vislumbre perante o apoio comunitário para a produção de munições a nível nacional, encarando a guerra como oportunidades de negócio, tendo defendido ipsis verbis que a indústria de defesa “pode ser lucrativa”.
É inegável que a acelaração das crises acentuou o sentimento de insegurança e tornou a sociedade mais explosiva, mas o que muito contribui para a escalada da instabilidade económica e social é a deriva política liberal e de direita em que temos mergulhado, e a que um governo da AD não é alheio.
Não haja ilusões: os caminhos com os quais estão comprometidos são os belicistas e não caminhos de paz, estabilidade e solidariedade entre os povos. Assim o é com a Palestina, na Ucrânia e com o futuro da Europa. Business as usual :Profit over People ( Os negócios de sempre: quando o lucro pesa mais do que pessoas )
Hoje, precisamente na data em que se assinala o Dia Mundial do Desarmamento, tem início, em Washington, a Cimeira da NATO, na qual participa o Primeiro-ministro, Luis Montenegro.
Dirigentes Nacionais do Partido Ecologista Os Verdes participaram por estes dias nas manifestações convocadas pela CPPC – Conselho Português para a Paz e Cooperação, declarando “Não à Guerra, Paz Sim! “, saudando esta iniciativa e a sua mobilização.
Apelamos ao fim da escalada armamentista, pedindo o fim à guerra, em particular ao imediato Cessar-Fogo na Palestina, e subscrevemos as reivindicações da CPPC que apela à criação de um sistema de segurança coletivo assente nos princípios da Carta das Nações Unidas.
Os Verdes mantêm-se firmes na defesa de políticas para a paz, dentro e fora de portas, na canalização de investimentos para garantir a estabilidade, a cooperação, os direitos constitucionais e humanos, rejeitando por isso políticas nacionais ou europeias que sirvam interesses belicistas e uma visão de sociedade que se muna de recursos e se afirme preparada para uma guerra, incapaz de se munir de alicerces fortes para um futuro de Paz, progresso e prosperidade a que aspiramos.
Partido Ecologista Os Verdes
9 de julho de 2024