A proteção do Lobo, uma espécie que esteve quase extinta em Portugal, é uma questão muito sensível para Os Verdes que foram os proponentes do primeiro projeto de proteção desta espécie.
No entanto, estamos sempre a assistir a retrocessos, no que diz respeito, às questões da proteção e conservação da Natureza. Tal como, a decisão do Ministério do Ambiente e da Energia de dar o dito pelo não dito, votando a favor a proposta da presidente da Comissão Europeia para diminuir o estatuto europeu de proteção do Lobo, quando ainda há poucos dias tinha dito o contrário, o Governo actual mostra ao que veio, o que aos Verdes não surpreende.
Segundo as notícias vindas a público, a Ministra do Ambiente e Energia terá afirmado que a mudança de posição para voto a favor à redução de proteção do Lobo foi apenas uma questão de solidariedade com os países que enfrentam problemas de sobrepopulação e que Portugal não irá mudar a sua política em relação à proteção do Lobo.
O problema é que essa decisão política fragiliza a defesa do Lobo em regiões onde se insiste em desenvolver projetos, tais como, a prospeção e exploração de lítio, nomeadamente em Terras do Barroso, ou a instalação de grandes parques solares, exactamente nas zonas em que vivem as populações de Lobo Ibérico que estão identificadas no território português.
A posição agora assumida pelo Governo português é ainda mais inaceitável quando se dá na sequência dos terríveis incêndios florestais que na semana passada o País sofreu, provocando uma grave perda de biodiversidade.
Pelos vistos, nem com a tão aclamada Lei do Restauro da Natureza se colocam em prática as verdadeiras políticas de proteção de ecossistemas e de espécies que deveriam estar a ser implementadas com vista a alcançar as metas com que Portugal se comprometeu para a descarbonização.
Pelo contrário, esta mudança de posição significa o “abrir de portas” para a mudança da lei que no nosso País protege esta espécie e, como vemos, a Ministra do Ambiente e Energia já nos deu razões para desconfiar que a qualquer momento pode ceder a mais pressões.
Assim sendo, é com muita preocupação que vemos a União Europeia a querer reduzir o estatuto de proteção do lobo, optando por continuar a perpetuar o mito do “Lobo Mau”, em vez de trabalhar e promover numa relação de coexistência e de respeito dos humanos com a Natureza e as suas especificidades.
O Partido Ecologista Os Verdes
26 de setembro de 2024