Os Verdes condenam aprovação pelo parlamento europeu da classificação
do Nuclear e Gás Natural como energia verde
Quando os interesses económicos se sobrepõe a valores ecologistas, à saúde e segurança das populações, pinta-se de verde o que nunca será sustentabilidade nem futuro.
Esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, foi aprovada uma proposta da Comissão Europeia classificando como atividades verdes os projetos de gás fóssil e de energia nuclear.
Quer isto dizer que projetos relacionados com estes dois tipos de energia passam a integrar a taxonomia europeia do financiamento sustentável, ou seja a agregar o grupo de energias limpas, e por essa via considerados prioritários ao nível do investimento, e alinhados com a transição energética e com objetivos climáticos da União Europeia.
Esta classificação demonstra claramente que a UE não está efetivamente preocupada com o nosso futuro e com o futuro do planeta. Tal classificação é um retrocesso e uma contradição no combate e minimização da mudança climática que tem vindo a ocorrer.
Tinge-se de verde o que nunca foi e que nunca poderá ser, mas tange-se e cede-se aos grandes grupos económicos que se sobrepõem aos valores ecologistas e humanos, com repercussões na saúde pública, no futuro do planeta e na segurança global.
Não há dúvidas quanto ao facto do Gás Natural não ser uma energia renovável, nem tão pouco ser uma energia limpa e inócua, tendo em conta a libertação de gases com efeito de estufa. Antes pelo contrário, manterá o modelo de dependência de combustíveis fósseis, e as preocupantes emissões a ele associadas, colocando em causa os objetivos que têm vindo ser estabelecidos pelos próprios estados, em consonância com o suporte e investigação que ao longo destes anos tem sido realizada, em particular pelo meio académico. Mais do que transição energética a UE pretende uma substituição e pincelar a própria poluição.
No que concerne ao nuclear, palavras para quê. Por muito que tentem vender, que o nuclear é Verde, que não o é, e sem riscos, que nunca o será, a nossa sociedade tem bem presente os graves acidentes que ocorreram com Chernobyl e Fukushima. O risco continua bem presente, com consequências irreversíveis.
Nos último tempos tem havido uma campanha de atirar areia para os olhos da opinião pública , passando a ideia de que a evolução tecnológica e novos reatores garantem a segurança e impactos mínimos associados à energia nuclear. O momento não é em vão, tendo em conta a maior sensibilidade dos cidadãos, sobretudo em resultado da escalada dos custos da energia, desde logo da eletricidade, em 2021, e em particular em 2022, agravado com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Para além do risco de acidente (não se podendo escamotear a imprevisibilidade das catástrofes naturais, erros humanos e tecnológicos ou conflitos militares) importa salientar que independentemente da geração dos reatores, não existe, atualmente, qualquer solução para o tratamento dos resíduos nucleares. O lixo nuclear acaba por ser acondicionado, ou melhor escondido, a grande profundidade, seja no mar (p.e. França) ou em terra (p.e. Finlândia).
Pode-se bem tentar desviar a questão central – risco de acidente e os impactos irreversíveis para humanidade – porém todos ainda temos bem presente Three Mile Island (1979), Chernobyl (1986), Fukushima (2011), e o grande perigo à nossa porta que representa a Central Nuclear de Almaraz, a qual já ultrapassou há muito o seu período de vida, sendo sucessivamente exigido pelo Partido Ecologista Os Verdes e outras organizações, nomeadamente ambientalistas, o seu encerramento.
Paralelamente, é necessário não escamotear a matéria-prima das centrais nucleares: Urânio. Nunca foi implementada em Portugal uma central nuclear, nem fomos afetados diretamente por este tipo de acidentes que ocorreram, todavia não esqueçamos o passivo ambiental e de saúde pública que herdamos com a exploração do urânio, no século passado, em Portugal. Para além dos impactos nos ecossistemas, gerou um número inquantificável de vítimas, muitas das quais ex-trabalhadores em resultado da exposição ao rádão.
Não há neutralidade possível com estes dois tipos de energia.
O caminho para a sustentabilidade energética passa acima de tudo pelo reforço das energias renováveis – tal como reafirmado pelo PEV no recente encontro com partidos Verdes Europeus – com destaque para a produção e consumo de
proximidade, e uma aposta clara na própria redução do consumo e na sua eficiência energética.
A Energia nuclear, que nunca poderá ser dissociada da industria militar e dos conflitos belicistas, desde que começou a ser utilizada, constitui uma grande ameaça à Humanidade e à própria vida no Planeta Terra.
Os Verdes há 40 anos que reafirmam. Nuclear? Não obrigado! (Nem pintado de Verde).
6 de julho de 2022
O Partido Ecologista Os Verdes
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