Face ao acelerado declínio da biodiversidade, à degradação dos habitats e a sucessivos atentados ambientais no nosso país Os Verdes lançaram hoje, no estuário do Douro, e no Dia Internacional da Floresta, a Campanha Nacional S.O.S. NATUREZA, que irá percorrer o país até ao final do ano.
Nesta apresentação pública, Mariana Silva, membro da Comissão Executiva do PEV e deputada do Grupo Parlamentar do PEV na AR, destacou, de entre muitas iniciativas previstas, a recolha de assinaturas num postal que dirigido ao Primeiro Ministro exigirá que se travem projetos destrutivos dos habitats e da biodiversidade como a exploração de lítio, a cultura intensiva de olival, de amendoal, entre outras, as estufas intensivas, as construções em zonas sensíveis, designadamente nas dunas, ou os cortes excessivos de floresta autóctone, e que se reverta a municipalização das áreas protegidas em curso, recordando que é urgente promover o restauro dos ecossistemas.
Um outro postal será dirigido ao Secretário-Geral das Nações Unidas para pressionar o Governo de Portugal no sentido de garantir a proteção e defesa incondicional da Natureza.
A campanha SOS Natureza irá assinalar com bandeiras negras 40 pontos negros que afetaram a Natureza, relembrando-os ou denunciando-os, porque infelizmente continuamos a assistir a graves e incontroláveis ataques à biodiversidade.
A campanha que hoje foi anunciada pelo PEV assinalará problemas ambientais por todo o País, incluindo ilhas, e decorrerá até dezembro, altura em que o Partido Ecologista Os Verdes completará 40 anos de lutas pelo Ambiente e pela Natureza.
Para além das duas iniciativas já referidas, ao longo dos próximos 10 meses esta campanha incluirá debates, tertúlias, visitas, reuniões, caminhadas e ações concretas junto das populações envolvendo os coletivos do Partido e os eleitos dos Verdes.
Das iniciativas já agendadas, foram destacadas as seguintes: 24 de março- reunião com o vice-presidente da Câmara Municipal do Sobral de Monte Agraço sobre Conservação da Natureza e bem-estar animal.
2 abril – Caminhada na Penacova seguida de piquenique e debate
6 abril – Inauguração de exposição Fotográfica e Conversa Ecologista – “O que está a acontecer nas nossas áreas protegidas” na sede do PEV em Lisboa.
Vários relatórios internacionais e nacionais, referem que a perda de biodiversidade é um fator preocupante que provoca desequilíbrios ecológicos, com profundos impactos nas nossas vidas, como as alterações de condições necessárias à prática de uma agricultura saudável, a cada vez menor disponibilidade de variedades agrícolas, ou o surgimento de pragas, doenças ou pandemias descontroladas. A SOS Natureza pretende dar visibilidade a essa realidade, e para a necessidade da mitigação das Alterações Climáticas.
Registe-se que, em 2020, foi publicada a primeira «Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental», a qual classifica 60% das espécies analisadas como ameaçadas de extinção. Vários estudos, sobre a perda de biodiversidade ao nível internacional, apontam para mais de 500 espécies de vertebrados à beira da extinção.
Um relatório de 2019 sobre a avifauna, elaborado pela SPEA, aponta para uma tendência negativa das populações de diversas espécies de aves. No mesmo ano, outro estudo alertava para o preocupante declínio das populações de insetos ao nível mundial, insetos fundamentais para a produção agrícola, como os polinizadores, dos quais as abelhas são emblemáticas.
Muitos fatores, como a agricultura intensiva e o consequente uso excessivo de agroquímicos, a destruição de habitats, a desflorestação, a urbanização de muitas áreas e as alterações climáticas, são apontados como as principais causas de destruição de diversidade biológica.
Em Portugal, acresce a degradação das áreas protegidas, por falta de meios humanos, materiais e financeiros e também pela falta de uma estratégia coesa e integrada de conservação da natureza, intensificada por uma recorrente dualidade de interesses entre a construção privada e os valores naturais.
A campanha SOS Natureza é lançada no Dia Internacional da floresta, no Dia da Árvore, no dia do início da primavera, no Dia Mundial da Poesia, sendo, também por isso, muito abrangente discutindo, denunciando, relembrando problemas ambientais nas mais diversas áreas.
Os Verdes assinalaram hoje o primeiro ponto negro – os impactos na biodiversidade e no ecossistema do rio Douro e do seu estuário, devido a:
– Contaminação fecal em resultado de descargas águas residuais sem o devido tratamento: p.e. ligações ilegais, barcos turísticos e ETAR’s (existem 8 ETAR’s no estuário do Douro);
– Pressão humana e destruição dos ecossistemas ribeirinhos;
– Excesso de barragens no Douro que afetam a fauna aquática e a respetiva cadeia alimentar.
É pela resolução destes e de outros problemas que a Campanha SOS Natureza do Partido Ecologista Os Verdes, se justifica na sua plenitude.