Resposta Desadequada do Ministério do Ambiente
Na sequência do abate de centenas de pinheiros mansos em plena reserva botânica da Área Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, em dezembro passado, Os Verdes dirigiram ao Governo, através do Ministério do Ambiente, uma pergunta, solicitando esclarecimentos sobre o número de árvores abatidas, a real necessidade para esse abate e o destino das dezenas senão centenas de toneladas de madeira dali retiradas. Este abate configurava, aos olhos do PEV, uma ação extremamente prejudicial para a prossecução dos objetivos de conservação da Natureza, numa área já de si sujeita a fortes pressões.
Vem agora o Governo justificar a intervenção como uma ação de restauro, de conservação e valorização de habitats, mas admitindo que não foi contabilizado o número de árvores abatidas, o que é surpreendente, dado que o destino da madeira é a venda em hasta pública.
Preocupa os Verdes a ação que foi levada a cabo na Reserva Botânica da Mata dos Medos por não só ter levado a um abate excessivo de arvoredo, como também por ter danificado uma grande extensão de coberto arbustivo (que na resposta ao PEV o Governo diz querer proteger). Para além disso, a entrada de maquinaria muito pesada na zona de intervenção, para proceder ao abate de árvores, provocou danos elevados em muitas outras árvores que não foram alvo de abate.
Os Verdes têm acompanhado esta questão juntamente com diversas organizações de ambiente e com moradores da zona e verificam que há grande discrepância entre o que se testemunha no terreno, o que vem descrito no contrato e o que é a resposta do Governo à pergunta de Os Verdes. Contradições como o ter deixado muito campo aberto para a progressão das espécies infestantes como o chorão (Carpobrotus edulis), que está em franco progresso em toda a área protegida, nomeadamente nesta zona intervencionada. Aliás é aqui notório não ter havido qualquer intervenção no sentido de fazer essa remoção e controlo.
É mais preocupante quando toda esta operação é levada a cabo com dinheiros públicos (financiada pelo POSEUR).
Esta e muitas outras intervenções em áreas protegidas têm levantado fortes preocupações aos Verdes, que elegeram a Conservação da Natureza como uma área prioritária de intervenção e que estão no terreno, junto com as associações, a acompanhar este processo.
Ainda na mesma linha de intervenção, Os Verdes continuam a afirmar que o processo em curso de co-gestão das áreas protegidas, com a entrega das suas direções às Câmaras Municipais, irá agravar ainda mais as pressões sobre estes espaços sensíveis e agravar a tendência para ver estas as áreas como objetos de geração de lucros e não como espaços vitais para gerar equilíbrios fundamentais à nossa própria sobrevivência, como sejam o controlo climático e do ciclo da água, a contenção de pandemias, a preservação de biodiversidade, com reflexos positivos na agricultura entre outros.
Intervenções semelhantes estão a ocorrer um pouco por todo o território nacional e de forma preocupante.
Por essa razão, Os Verdes irão estar presentes na concentração marcada para dia 18 de fevereiro no Parque Natural de Sintra Cascais. Com o objetivo de protestar contra o atual processo de desflorestação em curso nesta área protegida, um conjunto de associações de ambiente marcou para esta sexta-feira às 15h, na Estrada da Serra (Malveira), uma concentração, complementada com uma visita ao local e às quais Os Verdes se associam.
Esta é mais uma intervenção que, também, sob a capa do controlo de espécies invasoras, está a levar a cabo o abate de milhares de árvores não invasoras naquela área protegida, num processo contraditório e nada eficaz para esses objetivos.
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