Pampilhosa da Serra | Preservação dos recursos hídricos não depende de palavras soltas mas de opções políticas e medidas concretas
No dia 22 de Março, em virtude da comemoração do Dia Mundial da Água, o município de Pampilhosa da Serra fez uma publicação alertando para a escassez deste recurso, cuja exploração insustentável, aliada à poluição e ao aquecimento global, pode vir a provocar uma crise hídrica mundial.
Na publicação é feita referência à temática desta edição de 2023: “Acelerar a mudança para resolver a crise da água e do saneamento”. O município menciona que “cada um de nós, em pequenas ações do dia-a-dia, tem o dever de preservar aquele que é um dos verdadeiros luxos do século XXI e de tentar transmitir essa mensagem aos demais. Sejamos, pois, agentes de mudança e saibamos valorizar um recurso que nos permite viver, criar, abrandar e experienciar fascinantes aventuras.” A publicação termina com “saibamos continuar a assumir o papel de guardiões deste tesouro para que as gerações futuras possam usufruir das suas potencialidades”.
Desde logo estas palavras proferidas pelo município remetem para cada um de nós, para cada cidadão, a responsabilização das várias problemáticas associadas à água, como seja a escassez ou a poluição. As ações dos cidadãos não deixam de ser importantes, mas não podem servir de argumento simplista para escamotear o papel e a responsabilidade política de várias entidades, nomeadamente das autarquias.
E reconhecendo o executivo a necessidade de resolver a crise da água, será de questionar o papel do município de Pampilhosa da Serra enquanto guardião deste recurso e sobre os seus esforços para levar a cabo o mote desta edição. A realidade é que o saneamento tem sido sucessivamente prometido nos programas eleitorais do PSD, que gere a autarquia há mais de 40 anos, sendo por isso uma miragem. Em 2020, apenas 47% dos alojamentos estavam servidos com sistemas de drenagem de água residuais em Pampilhosa da Serra, muito abaixo da média da região centro (79%) e do Continente (85%).
A integração de Pampilhosa da Serra na APIN – Empresa Intermunicipal de Ambiente do Pinhal Interior – cuja fusão tem motivado a contestação da população- que teve como um dos principais fundamentos a suposta concretização do sistema de saneamento nas freguesias do município, apenas se traduziu num aumento substancial da fatura da água (+ 70% para um consumo mensal de 10m3) bem como do valor associado ao esvaziamento das fossas de habitações ( atualmente 69€ )agravando ainda mais as condições de vida dos residentes, alicerçando o caminho para a privatização.
Os Verdes consideram que o foco do município de Pampilhosa da Serra, gerido pelo PSD desde 1979, deveria passar pela adoção e concretização de políticas para garantir a drenagem das águas residuais e o respetivo tratamento, indo de encontro à preservação da água, do ambiente e da qualidade de vida e saúde da população, em vez responsabilizar os cidadãos quando estes não têm saneamento à sua porta.
Mais do que palavras soltas para a ocasião, a preservação dos recursos hídricos tem de passar por medidas efetivas que tardam em ser implementadas, tendo o executivo municipal privilegiado ao longo dos anos outro tipo de opções políticas que não têm passado pela expansão da rede de saneamento e tratamentos dos efluentes.
Partido Ecologista Os Verdes
13 de abril de 2023
Gabinete de Imprensa