OS VERDES REAFIRMAM O SEU NÃO À EXPLORAÇÃO DE LÍTIO EM COVAS DO BARROSO
O Partido Ecologista Os Verdes considera que a reformulação do “Projeto de Ampliação da Mina do Barroso” (Boticas) nunca deveria ter acontecido, e carece de legitimidade.
Os Verdes alertam para a destruição ambiental que este projeto mineiro trará para a região do Barroso e colocam-se ao lado das populações defendendo que estas mereciam uma maior transparência, num processo que se arrasta há anos, mas o Governo decidiu dar ainda mais uma oportunidade à empresa, quando tudo indica que “não há milagres” que a exploração de recursos minerais tem impactes irreversíveis e atrozes na qualidade de vida da população e da região.
Não existem medidas minimizadoras ou compensadoras que consigam atenuar os impactos que a Mina terá numa área de excelência em termos ambientais.
Não é admissível que os impactes negativos muito significativos, não minimizáveis e mesmo irreversíveis deste Projeto para o ambiente, para a vida das populações e para a região, apontados pela maioria das pessoas e entidades, incluindo o PEV, não tenham determinado a emissão de uma DIA desfavorável ao Projeto de Ampliação da Mina do Barroso, pondo assim um ponto final à pretensão de exploração de Lítio em Covas do Barroso e à instabilidade e ansiedade em que vivem, há mais de 6 anos, as populações da zona abrangida.
Como tal, os Verdes submeteram um parecer no âmbito da Consulta Pública que ontem terminou, reafirmando o seu NÃO à exploração de Lítio na Mina do Barroso, por razões de ordem ambiental, social, económica e cultural, por respeito pelas populações que ali vivem e pelo nosso futuro comum.
Os Verdes identificam quatro áreas importantes para continuarem a afirmar que este é um projeto destrutivo, sem qualquer sustentabilidade e viabilidade nos pilares ambiental, social, cultural e mesmo económico.
Perda de Biodiversidade e destruição da Paisagem
O projeto da Mina do Barroso, a avançar, contribuirá em muito para a perda de biodiversidade e sobretudo dos ecossistemas florestais, pondo em risco a salvaguarda do sistema agrícola, de renome mundial, que levaram à classificação da região do Barroso, classificada pela FAO, como Património Agrícola Mundial. A área da Mina não se sobrepõe com nenhuma área protegida, mas fica a escassos km de algumas áreas protegidas, a proximidade da Mina com áreas classificadas terá impactes perturbadores e negativos nas espécies que circulam livremente e na paisagem.
Desproteção das espécies protegidas, sobretudo, para o Lobo-Ibérico
Os Verdes sublinham mais uma vez, o grande valor ambiental da região, e verificam que a reformulação mantém graves lacunas de estudo, nomeadamente a nível do Lobo-Ibérico. Esta falta de rigor e de fundamentação só pode ter como objetivo tentar “eliminar este obstáculo de peso”, uma espécie protegida e em perigo de extinção com um número reduzido de indivíduos e de grupos familiares.
Graves impactes nos recursos hídricos
São evidentes as graves consequências que esta mineração trará para a região, no que diz respeito ao acesso à água e à manutenção da sua qualidade, com a produção de resíduos e a utilização de produtos tóxicos, que exigirão uma monitorização semanal dos recursos hídricos. Esta monitorização carece de ser feita também no que se refere à quantidade de água disponível uma vez que se assume que poderá ser necessário suspender os trabalhos do processamento de mineralização na lavaria nos meses de verão, de junho a agosto, meses em que a seca se agrava. Fica claro que os recursos hídricos superficiais serão afetados na sua quantidade e na sua qualidade com a agravante que estes recursos são utilizados para o consumo humano, para a agricultura e para a pecuária, sendo necessária para os solos e biodiversidade.
Consequências para a população
No que diz respeito às desastrosas consequências para a saúde da população do Barroso, da exploração intensa e continuada, num curto período, e do aumento da poluição do ar e da água, mas também da poluição sonora e visual.
Acresce que tal projeto não resultará num aumento da oferta de emprego dirigido à comunidade local e às suas habilitações, nem em retorno económico credível face aos impactos negativos com o comprometimento das atividades socioeconómicas da região particularmente assentes em sistemas agrícolas tradicionais, liderados por comunidades locais, que apoiam o património cultural, biodiversidade, conservação da paisagem e resistência às mudanças humanas, climáticas e ambientais.
Parecer do PEV infra.
Partido Ecologista Os Verdes
20 de abril de 2023