Assinala-se hoje, 21 de março, o Dia Mundial da Árvore, comemorado há mais de um século, e o Dia Internacional das Florestas, instituído através da Resolução nº 67/200 da Assembleia Geral das Nações Unidas, a 21 de dezembro de 2012. O objetivo era aumentar a consciencialização pública para a importância da preservação das florestas e, este ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) coloca na agenda o tema “Florestas e Saúde”.
As políticas de defesa e proteção das florestas e do arvoredo têm estado na génese da intervenção do Partido Ecologista os Verdes, através de diversas iniciativas e de propostas parlamentares e autárquicas, destacando-se o importante contributo do PEV para travar a eucaliptização do país e para dotarmos o mundo rural, em geral, e a floresta, em particular, de maior diversidade e resiliência. Os Verdes têm também denunciado as inúmeras e preocupantes situações de abate indiscriminado de árvores, em áreas urbanas e até mesmo em áreas protegidas, sob a capa do controlo de espécies invasoras, ou por via da alteração do uso dos solos (arrasando solos agrícolas férteis) para dar lugar a projetos destrutivos, tais como de agricultura intensiva e superintensiva, ou a megaprojetos fotovoltaicos.
Deste modo, o PEV tem contribuindo com soluções de valorização e conservação das florestas, do património arbóreo, do ordenamento florestal, da promoção da saúde dos solos e dos recursos hídricos e da agricultura e silvicultura sustentáveis.
No entanto, os sucessivos governos PS e PSD, apesar de muitas promessas em contrário, têm enveredado por um caminho de desinvestimento no meio rural, adensando as assimetrias territoriais, e votando ao abandono o mundo rural e a atividade agrícola, em particular a agricultura familiar, o que, como consequência, tornou estes territórios amplamente vulneráveis aos riscos de incêndio e à erosão dos solos.
Em bom rigor, estamos a colher o fruto de opções políticas erradas! Se tivessem sido aprovadas e concretizadas as propostas dos Verdes, de diminuição substancial da área das vastas monoculturas de eucalipto, de incentivo à (re)arborização com de espécies autóctones com garantia da sua rentabilidade, de arranque de eucalipto de crescimento espontâneo, de reforço de meios humanos e técnicos para o controlo de invasoras, de apoio efetivo à agricultura familiar e de fomento das práticas agrícolas sustentáveis, ou da aplicação do princípio ecologista produzir local / consumir local, só para dar alguns exemplos, hoje já colheríamos frutos de um mundo rural diferente e mais seguro, povoado e sustentável.
Neste Dia Internacional da Floresta, no dia imediatamente a seguir ao dia em que foi conhecido mais um relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) sobre o fenómeno das alterações climáticas, o PEV realça que a preservação da Floresta é determinante para ajudar a mitigar as alterações climáticas, e que a criação de uma Floresta mais diversificada, dotada de espécies mais resistentes, é determinante para uma outra vertente das alterações climáticas que não pode ser descurada: o processo de adaptação.
O relatório do IPCC é muito claro: estamos a andar a passo de caracol e estamos a perder a oportunidade de limitar o aquecimento global do Planeta a 1,5 graus, com valores de referência da era pré industrial. O IPCC torna claro que sem financiamento adequado, não se chega a esse objetivo e que é tempo de direcionar o investimento para o lado da sustentabilidade, em vez de se continuar a financiar os combustíveis fósseis.
É tempo, pois, de a Floresta deixar de ser vista como um mero suporte económico, para passar a ser vista como um fator de segurança ambiental, do território e das populações.
Ora, um país que tem conhecido bem os problemas agravados da seca e que conheceu o verdadeiro drama e a dura catástrofe dos incêndios florestais de 2017, mas também outros incêndios que depois disso têm devastado várias áreas no país, incluindo áreas protegidas (como a Arrábida, o Alvão e a Estrela), não pode perder mais tempo na exigência de que os responsáveis políticos tomem as medidas urgentes, com a garantia do financiamento adequado, no sentido de promover um efetivo ordenamento florestal em Portugal.
21 de março de 2023
Partido Ecologista Os Verdes