Os Verdes reunidos hoje, dia 24 de maio, em Lisboa, no seu Conselho Nacional procederam à análise dos resultados eleitorais e da situação política nacional daí resultante, em virtude da nova configuração parlamentar, dos inúmeros desafios colocados à vida das populações e à democracia.
A definição de ações futuras e a preparação das próximas eleições autárquicas integraram também a ordem de trabalhos.
Sobre os resultados eleitorais,
Os Verdes entendem que a nova composição parlamentar, resultante destas eleições, gera condições propícias para políticas que continuarão a fragilizar os serviços públicos, a secundarizar matérias ambientais e a impedir condições sociais condignas.
Os Verdes vêem com preocupação esta ascensão da direita, e o simultâneo ataque às forças que resistem, quer por via da desinformação, quer pelo silenciamento da nossa ação.
Os resultados obtidos pelo Chega não podem também ser dissociados do escandaloso favorecimento pela comunicação social, como nunca antes se viu, a um partido de extrema-direita que fomenta valores de intolerância, discursos de ódio, com mentiras e demagogia, e que sempre deu a mão às políticas de fragilização dos serviços públicos e de direitos dos cidadãos.
Os Verdes destacam a enorme entrega dos seus ativistas que se envolveram de forma intensa na campanha eleitoral. A CDU fez uma campanha muito digna, de contactos diretos, de levantamento de problemas, de esclarecimento e apresentação de propostas, com grande seriedade e assertividade.
Uma campanha que ajudou a cimentar o nosso resultado, com reforço de apoios, e que provou que a CDU é, em tempos muito hostis para a esquerda, uma força de resistência.
O resultado eleitoral da CDU não foi, contudo, suficiente para a eleição de candidatos de Os Verdes, o que deixará a Assembleia da República desprovida de uma força política ecologista e pacifista, com amplas provas dadas por todo o país.
Perante este contexto social e político, Os Verdes reforçarão as suas ações, a nível nacional e local, com a proximidade e ligação concreta às preocupações da maioria das pessoas, com o compromisso para com a luta ecologista, por uma sociedade sustentavelmente desenvolvida e em defesa da democracia, da Constituição da República Portuguesa e da Paz.
Sobre a ofensiva à Constituição da República Portuguesa
Os tempos que se adivinham serão de grande desafio para quem resiste e luta por uma sociedade mais justa, tendo por norte os valores de Abril, num momento que IL, AD e Chega declaram, despudoradamente, uma ofensiva à Constituição da República Portuguesa. Esta é uma tentativa de reescrever a história, tendo em vista o ataque aos direitos da população quer no acesso universal ao Serviço Nacional de Saúde, à Escola Pública e com alterações à lei laboral que consubstanciariam uma retirada de direitos e proteção aos trabalhadores. Este é um ataque à democracia com a criação de condições para a redução da pluralidade, através da proposta demagógica e falaciosa da redução do número de deputados na AR.
As condições de vida tenderiam a ser fragilizadas, com retrocessos sociais significativos, desde logo pelo agravamento das desigualdades, da discriminação, seja ela por via do racismo, da misogenia da xenofobia ou da homofobia. Para a melhoria das condições de vida, exige-se a defesa incansável de políticas que permitam travar o ataque aos direitos constitucionais. Os Verdes e a CDU foram e continuarão a ser a força política sempre comprometida com a defesa da CRP, porque nela estão inscritos os direitos fundamentais dos cidadãos, as responsabilidades do Estado na promoção dos valores de progresso, sustentabilidade e de fraternidade.
Por um Futuro de Paz
Os Verdes vêem com preocupação o crescente apoio de vários partidos, da esquerda à direita, à corrida ao armamento e à política dita de ‘defesa’, um caminho que desviará o investimento público onde ele mais faz falta para resolver os problemas urgentes do quotidiano, investir nos serviços públicos e no aumento de rendimentos das pessoas, ao mesmo tempo que não se investe em ações de diplomacia internacional eficazes, para responder à paz nos diversos territórios em guerra, como é o caso de Gaza, Ucrânia, Sudão, Iémen, Congo, entre outros.
Os Verdes condenam profundamente o genocídio e a investida inqualificável sobre o povo palestiniano, usando a fome como arma para a total subjugação, condenam também o artificialismo de uma ajuda humanitária que é uma mera gota no oceano, quando todos os mais elementares direitos humanos continuam a ser violados.
Reforçar a CDU no contexto autárquico
Os Verdes dão continuidade ao processo já iniciado de reforço do partido em todo o território, junto das populações, com o empenho no reforço de um poder local democrático que não fique à mercê de forças políticas que não respondem, e desconhecem, as necessidades específicas dos territórios e das populações. Só com responsabilidade e empenho da CDU se poderá atingir, com uma visão de desenvolvimento e progresso social e ambiental, a inclusão de todos numa abrangência multicultural que os dias de hoje nos exigem. Um futuro de confiança num tempo exigente é aquilo que a campanha da CDU levará para concretizar uma relação de solidariedade intergeracional cimentando opções políticas responsáveis e consequentes.
