Reunido hoje em Lisboa, o Conselho Nacional do PEV debateu, com preocupação, as consequências da atuação policial que decorreu na passada quinta feira no Martim Moniz, tendo o país sido confrontado com imagens que davam conta de dezenas de pessoas encostadas de frente para as paredes e de mãos ao ar.
Essa é uma imagem extraordinariamente preocupante, própria de um Estado policial e repressivo, que revela uma inegável desproporcionalidade da atuação das forças policiais.
Ao contrário do que o Primeiro-Ministro veio alegar, esta não é forma de «aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses», muito pelo contrário, contribui para gerar uma sensação de perigo, insegurança e alarmismo, tendo em conta todo o aparato usado e a humilhante forma de tratar as pessoas que por ali circulavam.Tendo este cenário amplamente desproporcional decorrido numa zona onde vivem e trabalham muitos imigrantes, a operação da PSP acaba por contribuir para uma agenda inaceitável que procura ligar os problemas da insegurança aos imigrantes, numa clara manifestação de xenofobia.
Isto ao mesmo tempo que na Assembleia da República o PSD, o CDS e o Chega se juntaram para aprovar o fim do acesso ao SNS por parte de estrangeiros não residentes, abrangendo imigrantes que vivem e trabalham em Portugal, mas que não têm ainda a sua situação regularizada, sobretudo quando os atrasos dessa regularização são em grande parte da responsabilidade do Governo e quando se tarda no combate ao tráfico de seres humanos de redes que trazem pessoas para as explorar. Negar estes cuidados de saúde é, no mínimo, desumano.
Por fim, Os Verdes reafirmam que defendem uma polícia de proximidade, com mais agentes de segurança, que promova no quotidiano uma atuação preventiva e não repressiva, e de respeito pela dignidade das pessoas; e Os Verdes defendem uma verdadeira política de inclusão de imigrantes (tal como defendemos que os nossos emigrantes tenham em países terceiros), e repudiam atuações racistas e xenófobas que incentivem a intolerância para com os imigrantes.
21 de dezembro de 2024
