Uma delegação de dirigentes e candidatos autárquicos do PEV/CDU visitou, no passado sábado, dia 13 de setembro, vários locais percorridos por fogos florestais na zona centro do país, e reuniu com diversas organizações que têm tido um papel importante no terreno, no regenerar e repensar a política florestal para o país.
Ainda a 3 meses e meio de terminar o ano de 2025 e este é já considerado um dos piores e mais negros anos em matéria de fogos florestais com uma área ardida de mais de 250 mil hectares, ultrapassando a área ardida em 2013 e sendo o terceiro pior ano neste século em área ardida.
Nunca é demais valorizar o esforço de todos quantos se entregam ao combate aos incêndios, nomeadamente os bombeiros e agentes de proteção civil que estão no terreno, em condições demasiado adversas e duras e que tudo dão para salvar vidas e para salvar património, vezes demais à custa da sua própria vida que não podemos deixar de lamentar e deixar mais uma vez uma palavra de pesar e também de solidariedade para com todos aqueles que tanto perderam nestes incêndios.
Ano após ano o drama repete-se por vezes com uma intensidade demasiado destruidora como foi este ano, no entanto, passada a época de incêndios, parece o país voltar a uma normalidade como se nada houvesse a fazer.
Todas as recomendações, previsões e ações que se parecem conhecer há décadas, passada a época dos incêndios, voltam para a gaveta.
Se em 2015 e a muito custo Os Verdes conseguiram inscrever na posição conjunta com o Partido Socialista, a não expansão da área de eucalipto no território português e o fundamental investimento e incremento de área de montado de sobro e azinho, que só teve desenvolvimentos após os dramáticos incêndios de 2017, passados 8 anos parece ter tudo voltado ao drama da eucaliptização do país.
Exige-se que as infindáveis manchas de eucaliptal contínuo sejam emparceladas e alternadas quer por campos agrícolas quer por floresta autóctone de folhosas predominantemente constituída por carvalhos, sobro ou azinho. Isto é fundamental para atrasar a progressão do fogo e permitir melhorar as operações de combate.
Mas o combate aos incêndios tem de ser feito durante todo o ano em conjunto com uma gestão florestal pensada para o efeito e uma muito melhor coordenação das operações de combate, que parecem terem falhado redondamente este ano.
É fundamental a valorização da carreira dos bombeiros, mas também dos guardas florestais e dos vigilantes da Natureza. Uma maior presença destes profissionais no terreno todo o ano e não apenas durante a época de fogos, com a missão não apenas de vigiar, mas também apoiar, informar e formar. A contratação de mais elementos é fundamental.
Os Verdes visitaram zonas ardidas da serra da Lousã e reuniram com a Milvoz – Associação de Proteção e Conservação da Natureza tendo partilhado informação e tomado conhecimento dos projetos de regeneração florestal exatamente com o objetivo de enriquecer o mosaico florestal com espécies autóctones constituindo áreas que sirvam de tampão à monocultura florestal criando resistências à progressão dos fogos e fomentando a biodiversidade. Foram partilhadas as dificuldades de pôr em prática projetos florestais desta Natureza e a falta de financiamento por parte do Fundo Ambiental que permitiria um maior contributo para reduzir o drama anual dos incêndios.
A Associação tem várias áreas a seu cargo que está a regenerar, mas esta é uma tarefa que principalmente a administração central, o Governo, deveriam assumir como prioritária e ter serviços que a pudessem pôr em prática por todo o país.
Em Vila Nova de Poiares os Verdes revisitaram a Quinta da Moenda, propriedade da LPN – Liga para a Proteção da Natureza, projeto exemplar de restauro da Natureza, com forte incidência no combate às espécies infestantes como a acácia e o eucalipto espontâneo. O encontro com a mais antiga Associação de Ambiente do país resultou numa frutífera troca de impressões e reflexões sobre a urgência da aplicação de planos concertados de floresta e de inverter a realidade incompreensível de que apenas 0,8% da floresta portuguesa pertence ao Estado. Muitas dúvidas levantadas de como é aplicado o dinheiro para o combate aos incêndios e perante a necessidade de inverter o abandono crónico de muitos espaços rurais aliado à desertificação do interior. O abandono e a especulação imobiliária potenciam claramente os incêndios.
Na Sertã os Verdes reuniram com o MAE, Movimento de Ação Ecológica, movimento recente, mas que conta já com várias experiências em gestão e conservação de áreas florestais, bem como iniciativas na sensibilização e formação de cidadãos para a importância de uma floresta ordenada. Num concelho que todos os anos é fustigado por incêndios, as manchas contínuas de eucaliptal e das restantes espécies invasoras aumentam substancialmente a resistência dos fogos.
À parte da desolação das áreas ardidas, da perda de bens materiais e de vidas humanas é urgente também contabilizar o impacto na biodiversidade do país, já de si demasiado fragilizada.
Destas visitas e encontros Os Verdes retiram 5 conclusões fundamentais:
– A Imperiosa e urgente necessidade de reduzir a área de eucalipto e de infestantes com elevado potencial inflamável
– A urgência de reforçar o corpo de guardas florestais e vigilantes da Natureza e valorizar as suas carreiras.
– A importância de uma aposta na regeneração e renaturalização da floresta e o quebrar das extensas manchas contínuas de monoculturas florestais altamente inflamáveis
– Dotar os serviços florestais do Estado de capacidade de intervenção direta no terreno em questões como planeamento e ordenamento florestal, apoio aos micro e pequenos proprietários, ação direta no restauro da floresta autóctone, vigilância permanente, apoio na cartografia e registo,
– Aumento substancial da área florestal do Estado assim como um maior investimento em viveiros florestais e a sua disponibilização aos projetos e iniciativas de regeneração e restauro.
			
					  










