No passado dia 20 de outubro, a Ecopista do Corgo foi distinguida com o 3º lugar, na categoria “Excelência”, na 12ª Edição do Prémio Europeu de Vias Verdes, uma iniciativa da Associação Europeia de Vias Verdes (European Greenways Association).
No site das Infraestruturas de Portugal podemos ler:
“O júri internacional destacou a Ecopista do Corgo pela reabilitação exemplar da antiga linha ferroviária e pela recuperação de antigas estações, convertidas em espaços de acolhimento e lazer. O projeto foi igualmente valorizado pela sua acessibilidade, inclusão e integração paisagística, promovendo a ligação entre mobilidade sustentável, turismo de natureza, cultura e gastronomia local.”
Estes acontecimentos caem como um balde de água fria na população de Vila Real, que tanto anseia e necessita de uma ligação segura e fiável com os outros distritos e entre as cidades. No entanto, a realidade é um pouco diferente deste retrato, basta ver a Estação Ferroviária de Vila Real, completamente deixada ao abandono, sendo tomada pelas silvas e pelo lixo. E é caso para nos perguntarmos como é que será possível premiar este cenário afirmando que o mesmo contribui para o turismo, a cultura e a gastronomia local.
A certeza que temos é que de uma maneira ou de outra, estas opções políticas vão obrigando as pessoas a abandonar o distrito de Vila Real, seja pela falta de oferta de trabalho nas áreas de formação, pela falta de oferta cultural e recreativa, que leva ao isolamento social, dificuldade na mobilidade no concelho, e em aceder com facilidade a outros locais, com a falta de horários alargados, problemas que, em grande parte, poderiam ser solucionados com uma boa rede de transportes, nomeadamente a ferrovia, ativando, por exemplo, a Linha do Corgo, que já existia mas foi sendo desmantelada aos poucos por Governos de PS e PSD, até já só existirem pequenos apontamentos e recordações.
E porque é que a Linha do Corgo é tão importante? A Linha do Corgo, além de transportar passageiros, transportava também mercadorias, sendo fundamental para o seu escoamento e contribuindo indubitavelmente para o crescimento e desenvolvimento económico da região.
Entre Chaves, Vila Pouca e Vila Real, são cerca de 50.000 pessoas que poderiam usufruir de uma linha de comboio. A Linha do Corgo uniu e serviu a população e podia servir nos dias de hoje, permitindo que locais isolados do interior pudessem estabelecer ligações rápidas a feiras e eventos regionais, estando em maior contacto com outros centros populacionais. Esta solução de mobilidade, em muito poderia servir à fixação das populações na sua localidade de origem e criar melhores condições para a deslocação diária para os locais de trabalho, ao mesmo tempo garantindo a locomoção acessível e segura.
Não nos podemos somente focar na população local, no desenvolvimento económico e social da mesma, há que ter atenção aos atuais 9.000 estudantes da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (mais docentes e todos os trabalhadores). Só no ano letivo de 2025/2026 entraram 2.000 novos alunos, alunos estes que poderiam usufruir da ligação de comboio da Linha do Corgo à Linha do Douro, facilitando o regresso a casa, cortando nos custos da formação tornando-se mais acessível, a visita mais assídua das suas famílias, criando muita mais comodidade e libertando amarras que pudessem existir em viajar pelo Norte do País. Visto que muitos destes alunos são provenientes de Guimarães, Braga, Vizela, Famalicão, Viana do Castelo, Porto, Chaves, seria importante criar mais condições de mobilidade e não continuarem reduzidos à rede de autocarros que não é suficiente para servir estes alunos e toda a comunidade escolar.
Investir na ferrovia em Vila Real, e em todas as capitais de distrito, é promover uma mobilidade acessível a todos, contribuir para o desenvolvimento do País e retirar vastas populações do isolamento e do esquecimento a que estão votadas.
Chaves – 2021 – 37.590 pessoas // 2011 – 41.243 pessoas
Vila Pouca de Aguiar – 2021 – 11.812 pessoas // 2011 – 13.187 pessoas
Vila Real – 2021 – 49.574 pessoas // 2011 – 51.850 pessoas
“Entre 2011 e 2021 o distrito de Vila Real perdeu mais de 20 mil habitantes”*
Vila Real, 3 de novembro de 2025
Gonçalo Monzón
Dirigente Nacional do Partido Ecologista Os Verdes
Membro da Ecolojovem Os Verdes
