O Roteiro Ecologista do Partido Ecologista Os Verdes dá continuidade a um trabalho de proximidade com as populações e os problemas que enfrentam, reforçando o valor das propostas, ações e lutas de uma agenda ecologista comprometida e consequente, alertando para a necessidade de políticas ambientais demarcadas de lógicas “lavadas de verde”, para enfrentar os sérios desafios sociais e ambientais que ameaçam a natureza e as populações no território.
Entre os dias 8 e 11 de março, o Roteiro Ecologista de Os Verdes rumou ao Alentejo e Algarve, com um programa dedicado ao Roteiro da Água. O direito à água merece uma maior visibilidade, ordenamento do território e mobilização das populações. Nas reuniões promovidas com instituições públicas, associações, movimentos e populações, Os Verdes verificaram que todos foram unânimes em reconhecer que a água é um recurso natural essencial fundamental para o equilíbrio existente nos sistemas terrestres, tendo valor ambiental, social e no desenvolvimento.
No Roteiro ficaram patentes o facto de estarem em curso um conjunto de projetos económicos na área do hidrogénio e do lítio, com impactos a sul e em que a água está bem presente não para resolver necessidades das populações e do desenvolvimento do território, mas sim para responder aos investimentos económicos de multinacionais do sector privado na área da energia, agricultura e outras. Disso são exemplos as centrais dessalinizadoras previstas para o Litoral Alentejano e Algarve e os mega parques fotovoltaicos. Investimentos que têm por base maioritária de financiamento dinheiros públicos e que, como tal, devem, por princípio, respeitar o meio ambiente e responder às necessidades do território e do país.
Estes projectos sendo desenvolvidos sem planeamento e ordenamento do território deixam apreensivos Os Verdes e as autarquias CDU que muito têm agido na exigência que, caso avancem, contribuam para o desenvolvimento da economia local e o interesse nacional, procurando sempre prevenir os impactos ambientais negativos.
O Roteiro da Água promovido pelos Verdes incluiu ainda no seu programa uma visita à Herdade do Freixo do Meio, acompanhada da Dra. Ana Fonseca e do Eng. Alfredo Sendim onde conhecemos projetos agrícolas que preservam todos os recursos naturais, incluindo a água. Para além disso, visitamos a aldeia do neolítico com a companhia do arqueólogo Manuel Calado que está a desenvolver um projeto para que as crianças e jovens possam visitar e conhecer a história da evolução do ser humano respeitando a natureza.
Apesar de Os Verdes acompanharem há muitos anos a política de gestão da água, e terem questionado muitas vezes o Ministério do Ambiente sobre a fraca execução dos diversos planos de gestão das bacias hidrográficas, os problemas vão-se adensando a cada ano que passa e torna-se cada vez mais evidente que é urgente um sério investimento nesta área.
No entanto, quando verificamos os valores atribuídos pelo PRR ao Alentejo e ao Algarve ou quando analisamos os projetos para o futuro, percebemos, e preocupa-nos, que estes investimentos não tenham uma correspondência com as reais dificuldades destes territórios no Sul do país. Preocupa-nos que as questões da água que vão desde as consequências climáticas, gestão pública até à sensibilização dos promotores industriais e população continuem a ser tratadas à peça como se não estivessem interligadas com as mais diversas áreas.
Por se tratar de um direito, que não pode ser negado a ninguém, o PEV reafirma a sua posição contra a privatização do sector da água ou da concessão da sua gestão a privados. E só concebem a gestão pública que obedeça ao princípio do direito humano à água, declarado pela ONU, assim como ao princípio do uso eficiente da água, tendo em conta a escassez do recurso e a ameaça das alterações climáticas.
Neste quadro, Os Verdes continuarão atentos aos projetos que poderão estar previstos para estes territórios, alertando para os que possam colocar as reservas naturais em causa como é o caso da Herdade da Sanchinha, considerando fundamental que o processo de despoluição deste espaço não seja interrompido e que seja devolvida a biodiversidade à Lagoa da Sancha, assim como garantida da qualidade da água dos aquíferos, nomeadamente do Aquífero Sul que abastece a água à população de Sines.
Na sequência deste Roteiro, Os Verdes lutarão para que se invista primeiro no combate às perdas na água para consumo humano e na agricultura, em medidas de redução da utilização de água nomeadamente através do ordenamento do território, contendo as explorações agrícolas intensivas, superintensivas e os campos de golf, fomentando a reutilização das águas residuais e a criação de ecossistemas que facilitem a sua fixação nos solos.
Os Verdes vão continuar a trabalhar todas estas questões aprofundando conhecimentos e determinados em defender as populações procurando esclarecer e mobilizá-las na defesa da gestão pública da água e do território.
Partido Ecologista Os Verdes
14 de março de 2023
