Mais um ano que passa, terminado o verão, e a ligação marítima e o transporte marítimo de passageiros entre o Grupo Oriental e as restantes ilhas dos Açores continua sem ser reposta. Desde a pandemia, março de 2020, ou desde o final do verão de 2019 que o transporte regular de passageiros por via marítima, principalmente entre a ilha de São Miguel e a Ilha de Santa Maria foi suprimido e não mais reposto.
Este serviço público é da mais fundamental justiça, fundamental para aprofundar ou assegurar a coesão territorial, potenciador da economia das ilhas.
Apesar de todas as promessas eleitorais, a reposição da ligação marítima para transporte de passageiros continua sem luz à vista no Grupo Oriental dos Açores. O facto é que acaba mais um verão e, nem neste período, Santa Maria e São Miguel viram reposta esta ligação fundamental. O transporte marítimo de passageiros no grupo Oriental não é apenas uma alternativa ao transporte aéreo entre ilhas. É um forte complemento na equação da mobilidade na região autónoma.
Esta falta de transporte marítimo associada aos problemas constantes da transportadora aérea açoriana, a SATA – e ao seu processo de privatização em curso – e ainda aliada aos recorrentes problemas que têm envolvido o transporte marítimo de mercadorias para a ilha de Santa Maria, confirmam não só um desprezo latente do Governo pelas questões da mobilidade, como confirmam as preocupações levantadas na campanha pela CDU quando afirmámos que Santa Maria era a ilha adiada.
De facto avança-se, como anunciado, para mais um passo na implantação de um Porto Espacial na ilha (e sabemos agora pela comunicação social como isso vai afetar as ligações aéreas da ilha), mas mobilidade para pessoas e bens adivinha-se não a melhoria mas sim o agravamento.
A mobilidade espacial continua a avançar na ilha sem que os marienses tenham sido envolvidos ou participado em todo este processo. Nem os esclarecimentos da população têm sido devidamente assegurados sobre as implicações do Porto Espacial no normal funcionamento do Aeroporto e nas ligações aéreas regulares da Ilha ou nas actividades marítimas, quer sejam as pescas quer lúdicas.
De facto esta não parece ser uma preocupação para quem tem responsabilidades e está a promover e a autorizar o projeto.
Os Verdes continuam a defender que o Grupo Oriental carece de uma ligação marítima mista (passageiros e carga) todo o ano. O Governo Regional dos Açores tem essa responsabilidade e essa obrigação. A Mobilidade é um direito e uma urgência dos portugueses e dos açorianos, ainda mais por residirem numa região periférica.
A mobilidade não pode ser remetida para uma celebração de uma semana ou à responsabilidade das autarquias locais. Sem descurar o papel essencial que estas têm na gestão e planeamento do território, cabe ao Governo Central e ao Governo Regional a definição e implementação das linhas estruturantes do complexo sistema de mobilidade intermodal de pessoas e bens.
O Partido Ecologista Os Verdes
19 de setembro de 2024